ANCESTRALIDADE (Sant’Ana & Nanã) É unânime o sincretismo entre Sant’Ana e Nanã; A Santa foi avó de Jesus Cristo e esposa de São Joaquim. É na Alemanha medieval que seu culto como a mestra conquista devotos. Em sua iconografia há o pergaminho como o que ela ensinou à Virgem Maria. Ela encarna outro culto da Antiguidade, que é a reverência aos antepassados, ao conhecimento que se transfere de geração em geração. Uma mulher madura, serena, transmitindo seu conhecimento. No Brasil colônia foi a matrona dos engenhos, que era a guardiã e transmissora da religião aos pretos em situação de escravidão. Já Nanã é a Orixá dos mangues, do pântano, senhora da morte responsável pelos portais de entrada (reencarnação) e saída (desencarne) das almas. É uma das Iami-Ajé (poder ancestral do mulherismo africano) e da mais temida. Venerada como a divindade da vida e da morte. Seu símbolo é o Íbíri - um feixe de ramos de folha de palmeira com a ponta curvada e enfeitado com búzios. Ela é a História, que se faz através da origem (barro) e da água parada (vida e morte), ou seja, a própria ancestralidade. Desta forma os santos estão ligados às atividades da vida humana, do mesmo modo que na África os Orixás estão relacionados a elementos da natureza, como entre Nanã e Sant’Ana. Portanto, as relações interpretativas que proporcionam, como neste caso, a criação e a transmissão do conhecimento através da ancestralidade.